INICIAÇÃO – CRÔNICA DE UM DESPERTAR

Por Wagner Borges

O véu de Ísis* se ergueu…

E o iniciado se viu diante da Luz da Verdade.

O seu ego capitulou e teve fim a escuridão que o rondava há tanto tempo.

Sob o olhar da Deusa, ele se ajoelhou e chorou…

Porque o Amor derreteu o seu coração.

Ele agora sabia que era uno com a Luz!

Ali, diante da Madrinha dos Iniciados, ele estava nu, em Espírito e Verdade.

Então, uma linda coluna de Luz desceu sobre ele, e o brilho das estrelas inundou suas células… sim, agora ele sabia que era centelha vital do Todo.

Na borda por entre os planos, ele viu o imenso plano de evolução da humanidade…

E soube que havia se tornado um servidor do Alto.

Ele era da Luz… e nada poderia separá-lo d’Ela.

Ah, ele chorou, sim!

Porque todo iniciado chora a dor do mundo e verte lágrimas luminosas.

E, ali, diante da Mãe Ísis, as escamas do seu antigo eu se desprenderam…

E ele viu um novo Céu e uma nova Terra. E isso era em seu próprio coração.

Então, ele orou, em Espírito e Verdade!

Nesse dia, parte dele morreu na Luz…

E outra parte sua surgiu, renascida, na mesma Luz. E ele nunca mais foi o mesmo…

Porque agora ele sabia que era da Luz.

E que a sua missão seria “fazer o Bem sem olhar a quem!”

Na borda por entre os planos, ele viu o Amor mais lindo de todos. E se encantou…

E chorou o choro de renascimento dos iniciados.

Agora ele sabia da verdade essencial, que o Todo** está em tudo!

E que ele e a Luz sempre foram um só!

Ali, no átrio da câmara secreta da iniciação, a Mãe Ísis o abraçou como filho da Luz… e, enfim, ele despertou.

 

P.S.:

Face a face com o invisível, todo homem chora.

Diante do olho onipresente do Todo, não há sombras.

O iniciado espiritual sabe disso. A dor o ensinou, por muitas vezes.

Quando o seu ego era grande, tempestades corretivas o açoitaram.

Maat***, com grande generosidade, curvou seus joelhos no sal e no sangue.

E ele chorou nas areias quentes de si mesmo, sem que os deuses o ouvissem.

No cadinho da experiência, sua arrogância foi solvida no fogo do espírito.

E, na grande hora de sua ascese, a Mãe Ísis o guiou pelos túneis escuros.

Ela trouxe acesa a tocha do Amor e sorriu para ele, enchendo-o de graça.

Depois, na presença dos hierofantes****, ele aprendeu a servir à Luz.

Ali, ele abriu seu coração e chorou, mais uma vez, renascido em si mesmo.

Mas suas lágrimas eram libertárias. Eram lágrimas de agradecimento.

Sim, todo homem chora diante do olho da verdade. E seu orgulho se cala!

Em muitos voos para fora de seu corpo*****, ele viu verdades e foi testado.

Enquanto seu corpo repousava, em espírito ele era iniciado nos templos sutis.

Ele viu muitas sombras, dentro e fora de si mesmo. Mas trabalhou firme!

Em silêncio, ele orava e se fiava na Luz. Ele se lembrava da graça de Ísis.

Só de pensar na Grande Mãe, o seu coração se enternecia. Ela era o seu sol!

Ele aprendeu a seguir os ditames do Alto e seguiu em frente, pela Luz…

Às portas do infinito, em seu próprio coração, ele dissolveu-se num lindo Amor.

Ele não era mais seu, era da Luz! E em sua fronte brilhava uma estrela espiritual.

Admirado, ele agradeceu, mais uma vez, à Mãe Ísis, pelo presente brilhante.

Ele sabia que, por onde fosse, a estrela prânica****** o guiaria e protegeria.

 

– Wagner Borges – mestre de nada e discípulo de coisa alguma.

 

         – Notas:

         * Ísis – A Grande Mãe na cosmogonia egípcia antiga, esposa de Osíris e Mãe de Hórus. Era considerada a madrinha dos iniciados nos grandes arcanos espirituais. E sobre isso escrevi um texto há alguns anos – “No Fogo do Espírito, Face a Face com o Invisível” -, que pode ser acessado no site do IPPB, no seguinte endereço específico:
http://www.ippb.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=5533:828-no-fogo-do-espirito-face-a-face-com-o-invisivel&catid=31:periodicos&Itemid=57

         ** O Todo – expressão hermética para designar o Poder Absoluto que está em tudo. O Supremo, O Grande Arquiteto Do Universo, Deus, O Amor Maior Que Gera a Vida. Na verdade, O Supremo não é homem ou mulher, mas pura consciência além de toda forma. Por isso, tanto faz chamá-lo de Pai Celestial ou de Mãe Divina. Ele é Pai-Mãe de todos.

         *** Maat – na cosmogonia egípcia clássica é a deusa da justiça; por metáfora, muitas vezes ela é representada por um par de asas (ou apenas uma pena de ave), simbolizando que Ela paira acima do mundo, atenta a todas as coisas que os homens pensam, sentem e fazem em suas vidas.

Obs.: Ver o excelente texto “Antigo Egito (De Hoje)”, de autoria de minha amiga Monica Allan – postado no site do IPPB, no seguinte link:
http://www.ippb.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=3069:antigo-egito-de-hoje&catid=55:monicaallan&Itemid=167

         **** Hierofantes – dentro do contexto das iniciações esotéricas da antiguidade, eram os mestres que testavam os neófitos (calouros) nas provas iniciáticas.

         Obs.: Ver o texto “Uma Noite Dentro da Grande Pirâmide”, postado nesse link:

http://www.ippb.org.br/textos/especiais/editora-pensamento/uma-noite-dentro-da-grande-piramide

         ***** Projeção da consciência – é a capacidade parapsíquica – inerente a todas as criaturas -, que consiste na projeção da consciência para fora de seu corpo físico.

Sinonímias: Viagem astral – Ocultismo.

Projeção astral – Teosofia.

Projeção do corpo psíquico – Ordem Rosacruz.

Experiência fora do corpo – Parapsicologia.

Viagem da alma – Eckancar.

Viagem espiritual – Espiritualismo.

Viagem fora do corpo – Diversos projetores extrafísicos e autores.

Emancipação da alma (ou desprendimento espiritual) – Espiritismo.

Arrebatamento espiritual – autores cristãos.

****** Estrela Prânica – do sânscrito, prana – a força vital; a energia – no contexto iogue é a estrela espiritual, manifestação do plano divino.

Obs.: Para melhor compreensão dos leitores sobre isso, sugiro a leitura desses dois textos:

– “Na Luz de Krishna – O Amor em Ação”, postado no seguinte link:
http://www.ippb.org.br/textos/textos-periodicos/1454-na-luz-de-krishna-o-amor-em-acao

– “A Canção das Estrelas-Bebês”, postado no seguinte link:
http://www.ippb.org.br/textos/textos-periodicos/435-a-cancao-das-estrelas-bebes

 

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