SOL NA NOITE – A CANÇÃO SECRETA

 

       (Viajando Espiritualmente na Canção do Samadhi)

Wagner Borges

Eu vi estrelas…

Mas estava de olhos fechados.

Ah, eu vi com meu coração.

Era noite alta quando o Vento do Espírito chegou…

Como uma canção sutil.

E ela falava de um Grande Amor.

Então, eu temi não aguentar algo assim…

Sim, temi não estar à altura do infinito em mim.

Contudo, a canção me possuiu, por inteiro.

E eu me deixei levar por ela…

Como uma pequena folha na ventania.

Porque eu vi estrelas…

E tudo isso era em meu coração.

Era noite lá fora, mas raiou a aurora dentro de mim.

Um Sol de Amor brilhou no meu peito.

E eu, pequena folha espiritual, entrei na Luz Secreta.

E a canção continuava ressoando, no átrio do templo de mim mesmo.

Então, eu cantei junto, em Espírito e Verdade.

Ah, eu cantei uma canção de Amor com as estrelas…

E, admirado, percebi que outros corações também cantavam junto.

Sim, haviam outros, encarnados e desencarnados, na mesma sintonia espiritual.

E eu os senti como irmãos de jornada, apaixonados pela mesma Luz.

Eles eram pequenas folhas espirituais, como eu, levadas por um Grande Amor.

Ah, eu vi isso de olhos fechados, nas ondas do Samadhi*…

Era noite silenciosa no mundo, mas a canção dos iniciados me arrebatou.

E, agora, com o sol no peito, é manhã da consciência aqui no meu coração.

E só me resta registrar essas palavras aqui, para compartilhar essa Luz…

Pois eu sei que outros corações também estão acesos por um Grande Amor.

E, pela graça do Todo**, eles compreenderão o que eu não disse aqui.

Porque há coisas que só são ditas no átrio do templo secreto de cada um.

E só o Amor compreende o Amor, assim como a Luz chama a Luz.

Ah, é noite, mas tem um sol aqui. E eu não sei mais o que dizer…

 

P.S.:

         Estrelas, estrelas…

         Os olhinhos de Deus no espaço.

         Também estão no céu do coração.

         E como elas cantam na noite…

         E eu canto junto, em Espírito e Verdade.

         E meus irmãos-folhas também.

         Ah, eles e eu somos levados pelo Vento do Espírito…

         Por obra e graça de um Grande Amor.

         É noite com sol.

         E quem compreende isso, em seu coração…

         Realmente o compreende.

 

Paz e Luz.

 

– Wagner Borges – mestre de nada e discípulo de coisa alguma, cada vez menor diante de um Grande Amor.

         São Paulo, 12 de janeiro de 2014.

        

– Notas:

* Samadhi – do sânscrito – expansão da consciência; estado de consciência cósmica.

** O Todo – expressão hermética para designar o Poder Absoluto que está em tudo. O Supremo, O Grande Arquiteto Do Universo, Deus, O Amor Maior Que Gera a Vida. Na verdade, O Supremo não é homem ou mulher, mas pura consciência além de toda forma. Por isso, tanto faz chamá-lo de Pai Celestial ou de Mãe Divina. Ele é Pai-Mãe de todos.